segunda-feira, 22 de dezembro de 2008



A morte da modelo Ana Carolina Reston Macan chocou a opinião pública nos últimos dias. Ela foi internada com problemas renais, mas não resistiu às complicações da anorexia que a fez chegar ao peso infantil de 40 quilos. Ela tinha 1,74 de altura.Foi também a morte de uma modelo que motivou a proibição de meninas com perfil anoréxico de pisar nas passarelas espanholas, no evento mais tradicionalde moda do país, realizado em setembro.
Com 1,79 de altura e pesando 54 quiloa, Gisele Bündchen, por exemplo, seria vetada nos desfiles da capital espanhola.
"Temos que parar de ver a anorexia como uma opção. Os pacientes sentem-se culpados, eles ouvem que precisam comer, os pais se sentem culpados, e os planos de saúde não cobrem o tratamento, pois crêem também que é uma opção", diz a psiquiatra Cynthia Bulik, da Faculdade de Medicina da Universidade de Carolina do Norte (EUA).Ela é uma das autoras de um novo estudo que confirma a base genética do distúrbio.
Segundo a pesquisa, o fator genético responde por 56 por cento do desenvolvimento da anorexia, sendo complementado pelos estímulos psicológicos.Clara tem 18 anos, 1,75 centímetros de altura e 46 quilos. É mais do que magra, esquelética até, mas toda vez que se olha no espelho vê uma robusta madona italiana. Chora e promete que não vai comer nada hoje, que vai duelar heroicamente e vencer a fome que sente. Desde os 13 anos, ela começou a apresentar os sintomas do que a Psiquiatria contemporânea catalogou como anorexia nervosa, um transtorno alimentar grave.Se não for tratado, pode levar ao óbito.
E o mais triste: as vítimas são meninas, ainda despreparadas para viver um drama tão forte e que muitas vezes passa desapercebido pela família. As adolescentes morrem com um quadro de desnutrição, ou subnutrição, crônica.“A anorexia nervosa é uma grave distorção da visão do corpo. Mesmo magra, a percepção da paciente é de que está muito gorda. Passar fome vira um prazer doentio”, diz o médico Drauzio Varella, que abordou o tema no extinto quadro Questão de Peso, exibido aos domingos no Fantástico. Ele alerta que é uma doença quase exclusiva das mulheres, isto é, em 97 por cento dos casos. E o pior de tudo é que está crescendo cada vez mais entre as adolescentes, principalmente entre 12 e 18 anos.Realista, lembra que é um processo lento e doloroso, mas com tratamento, aos poucos a paciente melhora. “É uma doença crônica que exige tratamento demorado”, ressalta Varella. Não é nada fácil o tratamento, ao contrário do que mostra a personagem Júlia, da novela global Cobras & Lagartos, que num curtíssimo período de tempo, aceitou a doença, tratou-se e comeu para engordar e voltar ao peso normal.O excesso de controle de calorias é uma característica clássica do transtorno e sua principal conseqüência é a desnutrição crônica. A pele fica seca, os músculos fracos, os ossos quebram com facilidade, os cabelos caem, a menstruação cessa, a pessoa sente muito frio, tem perda de memória e raciocínio difícil.“O IMC – Índice de Massa Corporal – de uma doente fica na faixa da subnutrição’’, comenta o médico.Ele cita como exemplo uma modelo de 1,77 centímetros de altura e peso de 48 quilos. O IMC dela é de 15,32, considerado muito baixo, ou seja, na faixa da subnutrição. E as passarelas estão cheias de garotas de perfil anoréxico, magérrimas, com os ossos saltando para fora, num padrão dos anos 60, quando a seca inglesa Twiggy era o ícone da moda.Ela era o padrão vigente, praticamente inatingível para a maioria das mulheres. Mas toda mocinha que se “prezava” queria ser alta, sem curvas, sem seios. Bem dizem (ou mal dizem?) que na moda nada se cria, tudo se repete... A moda “slim” voltou com tudo!A novela Belíssima, também da Globo, endeusou a modelo magérrima na abertura. Porém, não escapou do deboche da galera do Casseta & Planeta, com o falecido Bussunda posando de Baleíssima. Era tudo, né?O corpo desejado pelas meninas com o distúrbio é uma caricatura mórbida dos corpos das passarelas de moda. Nessa roda a doença é chamada de Ana (ou Anna) e é tristemente endeusada e vista como um estilo de vida. As pró-Anna formam grandes comunidades na Internet para propagar o equívoco. Escondidas sob nicks como Ana by Choice e Diet Girl, essas garotas dão dicas de como “maquiar” o distúrbio dos pais e até dos namorados.Ensinam como ficar dias sem comer e como se castigar caso coma. Elas não acreditam que os sites façam apologia da doença. Esta não é a mesma opinião de Steve Bloomfield, da Eating Disorders Association, a associação de transtornos alimentares da Inglaterra. “Os visitantes desses sites só vêem um lado da situação, o da beleza da doença”, alerta ele.E complementa: “Muitas pessoas escrevem nos pró-Anna quando estão em um estágio inicial da anorexia, antes de ficarem realmente doentes”. Muitos sites desparecem com a morte da autora ou depois dela deixar o recado “em recuperação”. Por outro lado, basta acessar sites de busca para encontrar excelentes páginas médicas que dissecam o assunto e dão ótimas dicas para fugir desta armadilha.
não tenha medo de ser como você é, não te deixe levar por uma aparencia, viva e ame quem você é. vamos acabar com a anorexia e bulimia. :*